sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

E-mail de Agradecimento da CVP

A instituição Comunidade Vida e Paz enviou a todos os seus voluntários da 20ª Festa de Natal dos Sem Abrigo um e-mail de agradecimento pela presença e contribuição dos mesmos nessa Festa. Parte do e-mail foi o seguinte:

"Eram 3h da manhã do dia 22 de Dezembro quando fechámos finalmente as portas da Cantina 1 da Universidade de Lisboa e, assim, encerrámos o capítulo final da 20ª Festa de Natal com os Sem-Abrigo.

Ainda temos presentes os sorrisos, a boa disposição e a azáfama de convidados (mais de 1100 distintos; 2600 presenças ao longo da festa) e voluntários (cerca de 1250). Pessoas sem tecto nem afecto tiveram comida e banho quente e cuidados de saúde e higiene; idosos sem companhia tiveram alegria; e outros carenciados, ainda que envergonhados, mostraram sorrisos rasgados ao conseguirem roupa para o Natal dos seus filhos.

Este ano, o Natal foi mais caloroso: à comida acabada de fazer, juntaram-se o chocolate quente e o galão, o banho... e o coração! Foi a Festa de Natal em que pudemos contar com mais voluntários regulares da Comunidade Vida e Paz na equipa da Animação, encarregue de ouvir, conversar, dançar e animar os nossos convidados, que afinal são os seus conhecidos das voltas de rua. Passado um mês, sabemos igualmente que dezenas de pessoas que foram voluntários na Festa querem estrear-se nas equipas de rua, o que nos deixa profundamente satisfeitos!

Um imenso OBRIGADO por terem aberto o vosso coração,

da organização,



Pedro Melo

(Coord. Geral FNSA2008) "

E assim a CVP passou mais um Natal a tentar ajudar da melhor forma possível os mais necessitados da nossa Cidade.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Entrevista da FHM a um Sem Abrigo - “Nobre Vagabundo”

Esta entrevista fala da vida de um sem abrigo, Marco Caravela de 30 anos que se encontra a dormir no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Em apenas 35 perguntas, algumas bastantes banais outras deveras importantes e sobre as quais não fazemos ideia de qual será a resposta até as lermos e surpreendermo-nos.
Marco dorme mais precisamente em Alcântara debaixo de um viaduto, pois é um local protegido e onde está menos exposto ao frio, contudo tem que mudar de sítio, pois por esta altura faz imenso frio à noite nas ruas de Lisboa. Geralmente procura lugares quentes e abrigados, deste modo já dormiu nos antigos armazéns do Porto de Lisboa e no Saldanha. Considera ainda que os melhores sítios para passar as suas noites são perto no aeroporto por causa das condutas de ar quente e no Parque das Nações. Para suportar o frio de rachar do nosso país marco vive ao contrário das outras pessoas, de noite anda de um lado para o outro e dorme mais de dia, mesmo assim para se manter no mínimo quente usa várias camisolas, casacos e cobertores.
É através da instituição Comunidade Vida e Paz que consegue a maioria das suas refeições, todas as noites no Terreiro do paço estão a distribuir comida. Além disso tenta apanhar algum peixe com a sua cana de pesca.
Para ganhar algum dinheiro, marco arruma carros, pede esmolas e trabalha na vida nocturna como prostituto, no parque Eduardo VII. Trabalha nesta vida porque considera que só com esmolas não consegue sobreviver. O dinheiro que ganha gasta para beber café e comprar comida.
Apesar destes contras todos referidos acima, tem uma namorada também prostituta e conheceram-se no mesmo local onde ele trabalha à noite mas esta não é sem abrigo e tem a sua própria casa. Também já teve um relacionamento com uma mulher durante 3 anos, por oposição à actual, esta era sem abrigo mas acabou por abandoná-lo.
Este sem abrigo considera que as pessoas olham os sem abrigo muitas vezes de lado na rua e tratam-nos como drogados e como diz na entrevista “Uma pessoa não é má só porque não tem a barba feita ou porque não tem dentes” , o último facto deve-se porque ele é seropositivo há treze anos e ficou infectado através de relações sexuais. Não toma qualquer tipo de medicação porque considera-se bem e compara-se a uma gato de sete vidas, logo não tem medo da morte. Devido á sua doença recebe do estado um subsídio de €395 que diz enviar á sua filha de 3 anos que mora com a avó e por motivos de orgulho ele não se junta á sua família.
Marco toma banho todos os dias, nos balneários públicos de Alcântara mas tem muita dificuldade em arranjar roupa nova e por isso usa constantemente a mesma roupa durante vários dias.
Mantém uma boa relação com os outros sem abrigo mas com a Polícia nem por isso, relata que estes fazem muitas rusgas e nestas levam as poucas coisas que eles têm.
Com a crise este homem vez cada vez mais pessoas a viverem nas ruas de Lisboa e culpa os estrangeiros pela falta de emprego em Portugal. Ele próprio já tentou procurar trabalho mas é sempre rejeitado quer na hotelaria quer na construção civil, segundo marco nesta última dão prioridade aos estrangeiros. E não é pelo facto de ser sem abrigo que não arranja um trabalho mais digno.
A meio da entrevista marco conta porque motivo acabou por se tornar num sem abrigo. Isto deveu-se à perda do seu emprego, pesca do bacalhau, que fez com que perdesse a sua casa. Chegou a ser preso mas diz que foi injustamente, no entando a policia encontrou no carro que conduzia heroína e isto levou-o a passar cinco anos e meio na prisão.

Esta é apenas uma história de muitas das NOSSAS ruas de Lisboa. Uma cidade Linda de Dia e de Noite mas que esconde tantas caras como a de Marco.

Entrevista: José Mascarenhas

Vender Para Dar

A loja da associação Emaús vende artigos que já não fazem falta aos seus donos para ajudar os sem abrigo
Quem espreita pela montra diz tratar-se de um antiquário. Lá dentro descobrem-se pedaços de quotidianos de várias vidas: Mobílias estilo João IV ou Luís XV, livros de alfarrabista, máquinas de escrever; louças, bugigangas, aparelhagens, discos, roupa. Artigos que deixaram de fazer falta aos seus donos. E que agora recheiam a loja da associação Emaús. Os preços são quase simbólicos, mas o produto da venda significa um contributo para quem precisa.

Situada numa casa em restauro numa das ruas históricas da Baixa do Porto, a loja Emaús é a parte visível de uma associação que há 12 anos oferece uma alternativa de vida a quem faz da rua a sua casa. A troco de trabalho naquele que é o modo de sustento da Emaús (a recolha, o restauro e a venda de objectos usados que são oferecidos à associação) o sem abrigo recebe uma remuneração. Conceição Gonçalves, presidente da associação portuense, considera que este modo de operar “dá uma certa autonomia à pessoa que vive na rua e que, por norma, não gosta de estar dependente do apoio de instituições.”. Além do trabalho, a Emaús está a tentar oferecer algo mais aos sem abrigo: alojamento. Para isso está a tornar habitável o andar situado acima da loja. Contudo, nem todos os que trabalham na Emaús deixam de viver na rua. E há quem nela procure abrigo apenas por um período e depois a abandone.

Informações da Emaús:
Morada: Rua do Almada, 136/138 Porto
Telefones: 919829496 / 936509280

Fonte:
http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2582

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Uma História

Durante o período de tempo que o grupo esteve na festa, houve particularmente um caso que nos chamou a atenção. Um menina de 18 meses que foi levada por umas voluntárias para tomar um banho. A menina era filha de um casal muito jovem; era a segunda filha mais nova e tinha cinco irmãos. Quando chegou á área dos duches encontrava-se extremamente suja e tinha um estranho medo de água: estava muito bem-disposta antes de lhe darem banho, mas assim que a colocaram na água começou a chorar. Agora perguntamos, será que esta criança alguma vez tinha visto água? Este caso sensibilizou-nos pelo facto de não sabermos qual será o futuro desta menina que se mostrou sempre simpática com todos aqueles que a abordavam.

Voluntariado na Comunidade Vida e Paz (20 de Dezembro)

No passado dia 20 de Dezembro, o nosso Grupo foi fazer voluntariado na Festa de Natal dos Sem Abrigo, organizada pela Comunidade Vida e Paz. Ás 13h iniciámos o nosso desafio. Cada um dos elementos do grupo, ao longo do dia, foi distribuído pelas diversas áreas, segundo o horário que tinha sido previamente feito no dia da formação.
As áreas onde o grupo pode dar o seu contributo foram as seguintes:

Área de Presentes
Nesta área foram separados os presentes que eram para homens, mulheres ou crianças. Inicialmente trabalhou-se em grupo, mas posteriormente quando embrulhámos os presentes doados pelos patrocinadores trabalhámos em pares. Depois de embrulhados, os presentes foram contados e colocados em sacos. Entre os bens ofertados pelos patrocinadores estavam mochilas, geles de duche, cremes, roupa interior, impermeáveis, rádios e sacos de cama.

Área dos Duches
Os duches estavam divididos em dois sectores: No primeiro sector, o voluntário tinha como função informar os sem abrigo da possibilidade que estes tinham de tomar um duche quente. E caso estes aceitassem, distribuir uma senha. No segundo sector, o voluntário entregava aos convidados (que queriam tomar um duche) um saco com uma toalha, uns pacotes de gel de duche e shampô, uma gilete e uma escova de dentes e de seguida encaminhava-os para o local onde poderiam tomar os duches.

Área do Cabeleireiro
No Cabeleireiro havia profissionais que cortavam e secavam o cabelo dos convidados que assim o quisessem. Já os voluntários tinham como função lavar o cabelo, fazer manicure e maquilhagem. Esta foi uma das áreas mais requisitadas, onde praticamente todo o dia esteve uma enorme fila na porta.

Área de Serviço ás Mesas
O nosso grupo participou nesta área ao jantar, a partir das 19.30h. A nossa função era agarrar nos tabuleiros e ir servindo aos convidados nas zonas em que nos eram assinaladas. Devido á elevada adesão dos voluntários a esta área, os jantares foram servidos de uma forma rápida e eficaz, podendo qualquer pessoa repetir se assim pretendesse.

O que podemos observar no funcionamento das restantes áreas:

Área das Crianças
Nesta área podemos observar um elevado número de brinquedos. Aqui, as crianças tinham muita atenção por parte dos voluntários.

Área da Roupa
Esta, foi uma das áreas onde quase todos os convidados se dirigiram. Nesta área, havia enumeros voluntários que se encarregavam de receber os pedidos dos convidados, ou seja, o convidado escolhia o tipo de peça de roupa que desejava e qual o seu número e o voluntário ia buscar as diversas peças para que este pudesse escolher.
Área de Limpeza
Por aquilo que podemos observar, a Limpeza foi uma área que trabalhou eficazmente, pois conseguiu manter praticamente sempre o recinto limpo.

Animação
Ao longo da festa era bem visível um número considerável de pessoas que se mascaravam em palhaços e tentavam animar os convidados o melhor que podiam.

O nosso horário de voluntariado terminou já ás 24h.

Nota: Um grande número dos convidados que apareceram na festa de Natal, não eram sem abrigo, mas sim pessoas/famílias carenciadas.